Pragmatismo inútil
No mundo moderno é cada vez mais comum morar só, viver distante de amigos, conhecidos ou parentes. Olhar em volta e se encontrar sozinho, saber que não se tem quem encontrar, quem ouça, é, às vezes desesperador, tanto quanto apenas é uma constatação do que acontece. Essas situações, desespero e constatação, aparentemente diferentes, são iguais quando considerados os níveis em que elas se estruturam. Perceber-se só é o que existe em comum nos dois casos, as diferenças se iniciam ao avaliar o que é sublinhado, enfatizado no que ocorre. Perceber a solidão e com isso se desesperar acontece quando a mesma é filtrada por lentes pragmáticas ou culpadas. Ter um objetivo, uma meta ou ambição e a ela se dedicar é um pragmatismo validado pelos resultados, mas que engessa as possibilidades relacionais de estar com os outros. Na culpa, tampa da impotência, tudo é justificado e a procura de perdão, redenção dos atos, explicação dos mesmos, é uma constante. Não ter onde o