Incontornável




Nas vivências fragmentadas, resultantes das polarizações autorreferenciadas, as possibilidades de globalização e expressão tornam-se impossíveis. Clichês e refrões substituem as expressões espontâneas do que se percebe. Sempre preocupados com os efeitos que podem causar, as avaliações são constantes para esses indivíduos, são uma faca afiada para tudo cortar, dividir e separar.

Contornos decorrem de flexibilidade e sempre implicam em desprendimento de ideias fixas e verdades religiosas, por exemplo.

Quando rigidamente fincados nos alvos, nos propósitos e objetivos, qualquer flutuação é vivenciada como ameaça. Descumprir um acordo, mudar horários ou desistir de programas são vivenciados como obstáculos incontornáveis, pois é por meio das ideias fixas que se organiza o mundo fragmentado. Buscar ímãs aglutinadores é um dos objetivos dessas pessoas. Fanatismo é o que lhes dá sequência e estabelece identidade.

Viver em ambientes nos quais tudo é vivenciado como última oportunidade cria tensão, medo, pânico e ambição. Querer ser o ditador de regras e o dono do poder significa ter domínio, ditar normas e leis. As impotências são equacionadas criando valores e regras dogmáticas nas quais só vale o que é determinado pelo autor das mesmas. Perceber o outro, apreender mutabilidade e diversificação é entendido como desvirtuamento de propósitos. Para esses indivíduos, transformar o outro em objeto de uso é atingir tranquilidade, é bem-estar, pois tudo depende de apertar botões, fazer movimentos precisos, lidar com situações garantidas.



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