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Mostrando postagens de janeiro, 2017

Conformismo e revolta

O indivíduo, ao perceber divisões, dificuldades e impedimentos, desenvolve conformismo, aplacamento ou revolta. Uma ou outra atitude depende das polarizações existentes. Quando o que causa divisões é utilizado para garantir vantagens ou conforto, a possibilidade de aplacamento é maior. Quando as peças quebradas, fragmentadas são dispersas, utilizadas como substitutos, como quebra-galho, a revolta começa a se instalar pelo atrito. Nestas situações, concórdia e discórdia são polarizantes e dispersores. Juntar o quebrado e dele se utilizar como finalidade de ganho e bons resultados, permite ilusões de confraternização, solidariedade e acompanhamento, também gera ilusão de concordância e confiança, e as dificuldades são aplacadas, abrandadas. Por outro lado, pode ocorrer outra situação na qual a polarização do segmentado é feita criando atrito, pois a polarização faz perceber o indevido, faz perceber o excessivo. Sobram interesses, objetivos, vontades e desejos e assim mais resíduos fr

Valorização da aparência

A não aceitação de si e das realidades vivenciadas, frequentemente atinge níveis nos quais a vivência de não ser considerado, de não significar, é esmagadora. Comprometido pela sobrevivência, o indivíduo lança mão de artifícios para despistar seu problema - é praticamente equivalente à bulimia (não querer engordar, mas precisar e não conseguir deixar de comer, então vomita, neutralizando assim, o comer). A valorização da aparência pode ser entendida como bulimia social. A pessoa se sente ruim, se desvaloriza, se sente incapaz, e assim se metamorfoseia, aparenta ser o que não é, esconde o que desconsidera e lhe causa prejuízo, esforçando-se para manter aparências diferentes do que ela é. Pessoas que tudo amealham, que tudo acumulam, por exemplo, de repente exercem atuações generosas e descomprometidas para garantir uma aparência aceitável. Este exercício cria tensão, obriga a estabelecer divisão para manter a sobrevivência e o desempenho. Quanto mais desempenho, mais divisão. Nestes

Manutenção do ritmo

As ordens estruturadas esvaziam o indivíduo caso não haja autonomia na apropriação das mesmas. Agarrar-se ao existente e seguir a corrente criada pelo mesmo, é traçar caminho, traçar esteiras mecanizadas pela obviedade. Instala-se o tédio e o despropósito. Isto cria tensões e quanto maior o acúmulo das mesmas, maior a necessidade de destruí-las. A destruição das tensões só acontece quando se atinge seus estruturantes, ou seja, quando questionamentos são feitos e comportamentos de mudança aparecem. Estas simples transformações são difíceis, pois existem os comprometimentos e as vantagens que são inibidoras de ação, inibidoras de mudança. Quanto mais tempo se leva para transformar estes comprometimentos alienadores, mais se estabelece tensão, mais se estabelecem as ordens de conveniência que a mantém. Neste desenrolar paradoxal o indivíduo utiliza escoamentos. Tudo que pode fazer esquecer a tensão serve para escoá-la. Mas, como esquecer a pressão constante do que tensiona? Criando

Compensações

Nos processos de esvaziamento do humano decorrentes de vivências de escassez, de vivências de sobrevivência, as pessoas podem passar a se caracterizar pela falta, pelo medo de não ter, pelo receio de continuar sem nada. Quando não são destruídas, quando sobrevivem, vivenciam a sobrevivência árida como intolerável e se esforçam para sair desta situação a qualquer custo, desenvolvendo avidez, objetivo constante de adquirir, de conseguir, de abastecer-se. Neste contexto, a falta de dinheiro, a pobreza, cria uma necessidade de tudo aproveitar. Vivem, por exemplo, pedindo objetos, dinheiro, consultas gratuitas, remédios, vagas em escolas e creches públicas. Manter o trabalho, mesmo  inseguro, rastejar, agradar o patrão são caminhos que acreditam levar às melhorias. Competições, medos, falta de escrúpulos caracterizam seus comportamentos. Por outro lado, pessoas que vivem sem dificuldades econômicas e até com fartura de bens materiais, podem ter uma outra vivência de falta, igualmente de