Trocas e recriações

Bernard Shaw dizia: “Se você tem uma maçã e eu outra, e as trocarmos, continuamos tendo uma maçã cada um. Porém, se você tiver uma ideia e eu tiver outra, e as trocarmos, cada um de nós terá duas ideias.”

A discussão, o diálogo transformam o sentido e ultrapassam qualquer contingência, ultrapassam quaisquer igualdades e desigualdades. Podemos pensar em trascendência de limites, podemos imaginar como os encontros recriam e estabelecem vivências responsáveis por criação e transformação. Neste contexto, não é importante ter, não é importante amealhar. O importante é ser capaz de ter, ser capaz até de amealhar.

Acumular impede mudança, enfatiza a repetição. Repetir é manter, é segurar, impedindo transformações. Garantir o que se precisa, manter a própria parte, ter estoque para trocas, faz com que a imutabilidade permaneça.

O questionamento é o elucidativo das questões, é o que muda trevas em luz. Sem questionamento não haveria mudança, a realidade das pessoas jamais seria açambarcada. Dialogar, colocar ideias para o outro e ouvir as dele, é tecer o imponderável, é atingir horizontes etéreos e fluidos onde as densidades e medidas adquirem novas configurações. Do contrário, aumenta-se os haveres, perde-se registros quando tudo é reduzido a aspectos denotativos e de utilização. Maçãs são comidas, jamais pintadas.


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