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Mostrando postagens de janeiro, 2016

Indivíduo - Sociedade

Metafórica e simplificadamente, a sociedade é a casa, o espaço que habitamos, que vivemos. Este contexto nos suporta, nos abriga, tanto quanto sinaliza e indica - através de valências e significados relacionais - normas, valores e caminhos a percorrer e a evitar. Quanto mais aberta, transparente e verdadeira, no sentido de que o indicado é o indicado, mais consistente a possibilidade de posicionamentos, diálogo e questionamentos. Sociedades regidas por políticas ditatoriais, ou sociedades que, sob o rótulo de democráticas, agem escondendo propostas absolutistas e escusas, funcionam como ambientes escorregadios onde tudo é mantido em função dos dirigentes ou de propósitos açambarcadores de individualidade para pseudo soluções através de regras coletivas. Viver com leis que garantam a democracia, a igualdade de todos - e não a sinonimização destas leis com privilégios, com regras econômicas e religiosas ou com políticas dogmáticas -, é o que permite diálogo, mudança, crescimento. A

Homogeneização - politicamente correto

Transformou-se em regra tirânica a ideia do politicamente correto estribada em ter os mesmos direitos, em não ter preconceitos nem discriminação e é terrível a homogeneização que isto significa para o indivíduo enquanto diversidade psicológica relacional e para os sistemas oriundos de culturas diversas. Outro dia li sobre um movimento crescente nos Estados Unidos, de pessoas obesas revoltadas com a aparência e com a magreza dos professores de yoga, identificando isto com elitismo e preconceito, sentindo-se discriminadas nas aulas seja por falta, seja por excesso de atenção por parte dos professores ou sentindo-se excluídas das peças publicitárias sobre yoga. Por fim, estabeleceu-se um movimento de abandono dos estúdios tradicionais de yoga, por parte dos obesos, e criação de estúdios específicos para este público, com professores também obesos e muita publicidade duvidosa sobre discriminação nos ambientes yoguis, que justificavam a criação de tais estúdios e ampliação de mercado

Reciclagem

Tudo é aproveitado quando se está dedicado a realizar as próprias demandas neuróticas (de não aceitação, de querer ser aceito). Essa equação - tudo aproveitar - é facilmente resolvida ao se colocar como objetivo da existência, ser aceito, significar alguma coisa valorizada pelo próprio grupo ao qual se pertence. Nesse contexto, as vivências se desenvolvem e tudo que é percebido recebe a tonalidade desse desejo de aceitação. O desespero que congela e limita, por exemplo, é transformado em situação diferenciada na qual a capacidade de ajuste, o cinismo são relatados como vitória, como capacidade de sobreviver. Os processos de reciclagem são infinitos. Tudo que cai no contexto das metas e objetivos de ser aceito, é considerado. A coleta, a contabilização é feita. Nada escapa. Ser rejeitado, literalmente “levar um ponta-pé”, cair é utilizado como força muscular probatória de resistência, de resiliência. Do processo à trituração, nada escapa, até que se consiga cunhar a moeda da exper

Deslocamentos (abandono)

A melhor maneira de manter uma situação de relacionamento é modificando-a. Modificações sugerem sempre reformas, adequações. Modificar pode representar, em última análise, abandono, desde que ao modificar reestrutura-se o existente segundo novas motivações e propósitos. Pessoas não são coisas, embora possam assim ser percebidas. A transformação de pessoas em objetos, em coisas, tem seu início quando se estabelece julgamentos e apreensões funcionais. Determinar a função de cada um, estabelecer seu uso, cria prazo de validade, transformando o outro em matéria-prima para os próprios desejos. Nas relações de casal, ao constatar o término da motivação, o encerramento do afeto, tanto quanto a manutenção do compromisso, dos temores e vantagens, surgem dilemas, impasses, conflitos que angustiam, que geram ansiedade e comprometem o funcionamento diário. Sem saber o que fazer, cheios de tensão, tenta-se modificar o que está existindo e assim as situações se repetem. Angustia, desespero