Pessimismo

Orientar a existência em termos de resultados cria tanto otimistas, quanto pessimistas. A antecipação, a expectativa gera insegurança criadora de confiança/desconfiança, otimismo/pessimismo. Controle para evitar, para antecipar, impedindo que condições adversas atrapalhem processos, é típico de pessimistas. O controle existe também no otimismo através da manutenção constante de tudo que traz bons ares, tudo que ajuda seus projetos.

Conviver com otimistas ou pessimistas é se inserir em cálculos repetitivos que desgastam a novidade, tanto quanto impedem surpresas. Tudo já é esperado, para o bem ou para o mal, e esta atitude amordaça o novo. As coisas sempre se repetem, dando certo, ou sempre dando errado, mostrando sua verdadeira face. Este tipo de avaliação é desgastante, não se vivencia o que acontece, apenas se utiliza, se sublinha acontecimentos para guardá-los na caixa boa ou na ruim. E assim o ser humano torna-se um robô etiquetador e tedioso.

Mães e pais não devem antecipar, não devem construir expectativas, tampouco exibir valores diferenciadores de vivências que apenas classifiquem o cotidiano. A vida é para ser vivida, não é para ser valorada. As fronteiras entre o bem e o mal são tênues, desde que tudo depende de motivação, de contextos. O bem de hoje é o mal de amanhã. Estabelecer fronteiras valorativas é sempre arbitrário e como tal, aderente, flutuando entre os conceitos de adequado/inadequado e apenas criando objetivos não globalizantes.




- “Nos cumes do desespero” de Emil Cioran

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