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Mostrando postagens de abril, 2014

Irremediável

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Constatar o irremediável é constatar e aceitar o limite, é a vivência do limite intransponível, geralmente acarretando medo, luto ou perda. Na ansiedade por exemplo, quando não se aceita os limites, tem-se uma vivência fragmentada e circunstancializada: vivencia-se o irremediável como o que deu errado, o que não foi conseguido, a meta não realizada e não como um limite a ser aceito. Indivíduos fragmentados por desejos e demandas não desistem da busca por satisfazer suas necessidades e quando estas não são satisfeitas, quando se deparam com situações irremediáveis, percebe-as como objetivo não atingido; estas vivências assim configuradas acarretam deslocamentos constantes de mentiras, arrumações e fraudes. Cotidiano de aspiração, realização e concorrência cria situações irremediáveis, que quando acontecem não são aceitas; são contextos que catapultam indivíduos fragmentados ao sucesso através de métodos escusos ou à apatia doentia. Não conseguir aceitar perdas, temer resul

Isolamento

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Heidegger dizia que o ser-deixado-vazio é a experiência essencial do tédio e da solidão. Penso que o ser não esvazia, desde que o ser é uma possibilidade de relacionamento e quando conceituo ser como possibilidade, estou falando de processo, de trajetória; entretanto, todo relacionamento gera posicionamentos, geradores de novos relacionamentos que por sua vez geram novos posicionamentos, indefinidamente. Em outras palavras, o movimento, ao exercer sua trajetória, estrutura posições, aparecem referenciais, contextos e estes contínuos intervalos criadores de novas relações são responsáveis pela estruturação do vazio. É como se tivéssemos sequências alternantes, onde os pontos de junção são também de separação. “O vazio é intrínseco ao processo relacional. A relação estrutura o vazio à medida que estabelece posições pois a continuidade da dinâmica, do movimento é possibilitadora de infinitas antíteses. Cada ponto de junção é um ponto de separação, isso porque ponto nada mais é

Generalizações

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Generalizações sempre levam a tipificações e classificações; as especificidades se perdem desde que as mesmas só servem para estabelecer padrões que são automaticamente transformados em genéricos definidores. Nesta circularidade, a tautologia se impõe e muitos preconceitos aparecem: “ negro é trabalhador, índio é preguiçoso ”, “ alemães são metódicos ”; “ brasileiros são alegres ”; “ latinos são emotivos ” etc. Nas ciências e nas filosofias, generalizações são problematizadas, pensadas e repensadas e ainda assim, propostas; mas é no senso comum e nos discursos políticos que as encontramos mais largamente utilizadas: vítimas e dominadores impõem uma série de genéricos embaçadores da distinção e clareza sobre os acontecimentos. Afirmações como “ os pobres são sempre vítimas, os ricos são algozes ”, “ os judeus, os negros e as mulheres são sempre vítimas em questões conflitivas ” e inúmeros outros exemplos, são afirmações débeis e parciais que dificultam o entendimento e as ações aj

Normatizar e normalizar

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A frequência e incidência de determinados fatos e comportamentos cria valores sustentados pela persistência de suas ocorrências. Essa frequência, com o tempo (incidência de sua ocorrência), se reveste em significado, em valor. O frequente é o normal, é o constante, o encontradiço, o familiar e consequentemente, é o diferente do estranho, do novo e até do ruim. Em geral as pessoas sinonimizam bem-estar com familiaridade, segurança com previsibilidade, organização com padronização e assim, buscam ajuste, normatização. Criar medidas, criar escalas é uma maneira de neutralizar o qualitativo, tanto quanto dele se apossar ou ainda com ele se relacionar. A incidência da violência, por exemplo, a normatiza, a transforma em constante presença no nosso dia a dia; assaltos têm se tornado comuns, evita-se sair para passeios com bolsas, carteiras, relógios, jóias e até mesmo com bijuterias. Não considerar a possibilidade da violência é uma inadequação, um alheamento que custa caro, muitas vez