Postagens

Mostrando postagens de junho, 2013

Processo dialético - Mudança e acomodação

Imagem
Todo processo - dos psicológicos aos sociais - é dialético. Isto significa afirmar que todo processo é movimentação permanente, intrínseca ao próprio processo (tensão entre situações diversas e opostas, teses e antíteses configuradoras de sínteses). É oportuno, mais fácil, explicar o que acontece como se tivesse sempre uma causa interveniente, situações iniciadoras; mas essa abordagem resulta de desconhecer ou de negar o processo dialético, negar o surgimento de impasses que são decorrentes das forças em jogo. A mudança não pode ser explicada buscando causas, origens determinantes da mesma; ao fazer isto instalam-se reducionismos, criam-se culpados e responsáveis alheios ao processo que está se desenrolando, embora pertencentes e contextualizados em outros processos. Estas distorções, decorrentes da não globalização dos acontecimentos, ocorrem tanto no âmbito político-social (partidos políticos, agremiações etc) quanto no âmbito privado (crises individuais e familiares etc), cons

Povo na rua

Imagem
As crenças acomodam, mas também destroem quem nelas se posiciona.  A antítese ao marasmo, cooptação e arrendamento é o novo que acontece agora nas avenidas, praças e ruas da maior parte do Brasil. Emerge a insatisfação diante das históricas mentiras apregoadas, manifestações com o povo nas ruas acontecem imprensadas entre festas, comemorações, gastos faraônicos das copas futebolísticas e opacas e ameaçadoras realidades caracterizadas por: transporte público caro e ruim, impostos régios, cidades insalubres e sem segurança, educação deficiente, sistema de saúde pública precário com imensos problemas logísticos e carência de profissionais, corrupção política, impunidade e justiça lenta etc. Durante muito tempo a sociedade brasileira vem sendo sedada sob várias formas, desde o "milagre brasileiro" até a classificação de quinta economia mundial. Isto criou esperanças, sonhos e ilusões. A espera limita, cria revoltas, quebra sedações especialmente nos mais jovens, dis

Inteligência, ferramenta ou habilidade?

Imagem
A velha questão dualista sobre inato e adquirido sempre foi um fantasma constante dentro das abordagens psicológicas; nada explica, mas persiste, criando círculos viciosos, tautologias reponsáveis por opiniões, teses, criação de escolas e saberes corporativos. Humanos e animais - seres no mundo - percebem, decidem, agem. O processo perceptivo é comum a ambos, embora restrito aos humanos quando se trata de constatação da constatação, percepção das próprias percepções. Os animais constatam, percebem que percebem, mas não têm estrutura neurológica apta a armazenar e relacionar estas constatações, percepção de percepções; não dispõem de abstrações significativas e conceituais como os humanos. Inteligência é insight, apreensão súbita de relações, implicando em constatação de contradições, reconhecimento e continuidade perceptiva. Esta percepção do insinuado é possível graças à reversibilidade entre Figura e Fundo, possibilitadora de closura. Comumente, inteligência é sinonimizada

Paixão

Imagem
Estar reduzido a um desejo, estar detido na percepção do outro como sonho, como passagem para o infinito, para o absoluto da felicidade, do bem-estar, do prazer é o que configura o estar apaixonado, é o que configura a paixão. É um encontro, que por ser foco, se torna polarizante, inclusive de posicionamentos. Paixão implica em fragmentação ou resulta da unidade, inteireza e motivação? Ao buscar o que falta, o que completa, o ser humano se encaminha para o abismo, para a descontinuidade de propósitos criadora de posicionamentos. Nesta atmosfera, nesta estrutura, o encontro é resultado de buscas, expectativas e necessidades, é alienador, complementa, mas divide: o simétrico é o oposto, é o duplo, não é o mesmo. Quando somos surpreendido pelo que não percebíamos, não conhecíamos, o encontro se configura revelação, descoberta, conhecimento; é o encontro sem prévio, sem busca: apodítico. Descortina-se outra configuração, outra realidade, outra vivência: paixão pelo encontrado