Iniciativa

Iniciativas não são atitudes inesperadas, súbitas.

A iniciativa sempre decorre de decisões, neste sentido, havendo unidade, existe iniciativa. A constatação das implicações, a percepção do que está ocorrendo sem autorreferenciar, não gerando dúvida, não gera vacilação, é a globalização dos dados relacionais, sem divisões, pois que não existem contradições ou complementações. Tudo é contínuo, qualquer momento é iniciador e também finalizante; a decisão está contextualizada no processo e nas suas implicações.

Para o indivíduo que não está posicionado, sem emergências arbitrárias, a iniciativa, a decisão são constantes; aparecem sob forma de participação, de presença. O que está ocorrendo indica sua continuidade, tudo é espontâneo, tudo é contextualizado. Não existe necessidade de esforço, não existe regra. Não há "o tem que" ou o "deve ser".

Decidir é ter iniciativa, é o se propor a, estando presente e dialogando com o que acontece.

Qualquer coisa que ocorre traz seus contextos relacionais estruturantes. Não quebrar esta ordem é ser livre, é estar entregue ao que ocorre sem a priori ou meta. Não havendo compromissos nem submissão, existe iniciativa, existe decisão, não precisa pensar (prolongamento da percepção), basta perceber.


"Os irmãos Karamázov", de Fiódor Dostoiévski

Comentários

  1. Que texto, Vera! Adorei! Denso, profundo, me disse muito sobre presença, participação, liberdade... a iniciativa abrangendo tudo isso e muito mais! É fantástico como você conceitua, desenvolve idéias e abre "portas"!

    Grande abraço

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