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Mostrando postagens de julho, 2012

Superação

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Atualmente, tanto nos contextos psicoterápicos quanto nos religiosos, enfatiza-se a idéia de superação, de desapego e psicoterapias e religiões são usadas como alavancas para promover mudanças consideradas desejáveis. Nestes contextos, superação e desapego tornam-se sinônimos quando entendidos como abandono e desistência. Abandonar os sonhos antigos após um acidente que gera imobilidade, desistir da família unida ao descobrir que a mesma era assentada em bases enganosas, são, então, exemplos de superação, desistência de sonhos agora impossíveis e dedicação a novos projetos. Problemas sempre surgem. Em contextos de aceitação, ultrapassar, transcender limites é espontâneo, dispensa alavancas; a superação e o desapego aparecem como abertura de possibilidades. A percepção dos processos abre condições, gera perspectivas para o aparecimento de um núcleo fundamental: o estar vivo. Enquanto tal não ocorre, a vivência é de perda, de morte, de incapacidade e neste contexto, superar, desape

Confiança

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Confiar nos outros decorre de ser disponível, de aceitar o que se é, o que se tem, o que se vive. Quando se avalia lucros e perdas não há disponibilidade, não há confiança, o que existe são acertos, negociações e contratos. Discussões sobre a modernidade costumam enfatizar o aumento do individualismo e competitividade onde as relações são reguladas e controladas por contratos escritos em contraposição a uma época onde acertos eram baseados na palavra ou na confiança entre as partes. Estas afirmações podem levar a crer que a falta de confiança é resultado deste momento histórico. Em verdade, assistimos apenas uma mudança nos mecanismos coercitivos que regulam a confiabilidade ou os acertos entre as pessoas: antigamente a família e a comunidade exerciam esta controle; hoje em dia, instituições públicas regulam  os acertos. O homem é sempre o mesmo; confiar ou não confiar, ser uma pessoa de confiança depende de como ele se estrutura. Logo ao nascer, o rosto materno é uma boa

Verdades e mentiras

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Quem nunca se perguntou sobre a veracidade ou falsidade de algum relato, de alguma notícia e até da própria visão sobre um determinado acontecimento? É comum surpreender-se enganado, ludibriado. Descobrir que está sendo enganado, por exemplo, é libertador se vivenciado sem as amarras do compromisso. Esta mesma descoberta - ser enganado - é também mortal, aniquiladora de todos os sonhos e confiança depositada (no outro). Acreditar e duvidar são polos de um mesmo eixo: a constatação de um acontecimento, de uma ocorrência.  Tudo que acontece pode ser percebido, embora nem sempre constatado. Diante de fatos, acontecimentos, percebemos e também inserimos esta percepção em redes de memórias e vivências. A inserção é a constatação, é a percepção da percepção, às vezes representação ou interpretação do acontecido. Destas vivências são estruturadas crenças ou dúvidas.  Saber o que é e o que não é, acreditar que tal fato ocorreu ou não, enfim, dúvidar é defrontar-se com o lacunar,

Vingança

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A vingança é sempre planejada. Esta antecipação, expectativa é um deslocamento de frustração. Não podendo destruir ou infelicitar o que magoou e infelicitou, o indivíduo adia, guarda sua mágoa  e começa a planejar, a desejar se vingar, a desejar fazer com que o outro sofra como ele sofreu, sinta a mágoa que ele sentiu, tenha o mesmo prejuizo, o mesmo sofrimento. Nascido no contexto da rejeição não suportada, o desejo, o planejamento da vingança é o que resta como motivação de vida. Parar e colocar todos os propósitos relacionais em função de uma vingança, cria idéia fixa, obsessão, às vezes percebida como determinação. Isto passa a ser o filtro, o foco de toda a motivação. Reduzindo o mundo à expectativa de se vingar, de infringir ao outro o mal sofrido, o indivíduo se reduz a uma espera. Tudo significa à medida que se conecta com este desejo. O alvo da vingança é que determina o que se faz, o que se pensa, o que alegra, o que entristece. Constituido pelo outro percebido