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Mostrando postagens de maio, 2012

Ícaros

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As pessoas estruturadas na não aceitação da não aceitação, geralmente se propõem ao impossível. São inúmeros os exemplos deste processo, como: perceber a própria estatura mediana como fator responsável pelo não sucesso, criando propósitos de mudança comprometidos com finalidades e objetivos impossíveis. Disfarces e próteses reparadoras não mudam a estrutura, não mudam a estatura básica individual; fazer de conta que não dá importância, comparar a questão com o que é considerado sucesso, passa a ser uma solução, como expressam frases do tipo: "sou baixinho mas tenho muito dinheiro". Comparar as dificuldades, comparar os problemas é uma maneira de escondê-los. Processo e realidade são inexoráveis, independem dos desejos e diferenças individuais, embora sejam por eles estruturados. Tudo é feito para superar e esconder o problema, consegue-se disfarçá-lo, consequentemente ele deixa de existir pregnantemente para o problemático, mas fica estabelecido como estrutura, contex

Interrupção e continuidade

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Os processos são infinitos, o movimento é eterno. Ao nos relacionarmos, estabelecemos limites, posições, espaços. Descontinuamos, interrompemos para continuar. Isto cria tensão, cria motivação. Bluma Zeigarnik, uma pesquisadora dos fenômenos da memória, descobriu no início do século passado, que as tarefas interrompidas eram frequentemente mais memorizadas, mais lembradas que as completadas. Esta experiência é muito fértil; podemos entender a  motivação, o estar interessado em algo ou alguém em função desta descontinuidade, desta interrupção. O que eu chamo de " efeito Zeigarnik " explica a tensão criada pelo que não é concluido. As sequências relacionais vivenciadas em contexto de não aceitação, de autorreferenciamento são ilustrativas de como o interesse ou desinteresse, o ânimo ou desânimo variam em função de metas realizadas, completadas ou situações instigantes sempre insinuadas e nunca definidas. As técnicas de manipulação política, a propaganda, a demagogia s

Disciplina

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A disciplina permite ampliar ou restringir contextos relacionais. Por exemplo, ao sistematicamente se fazer  registros, lembretes prévios ou posteriores, são estabelecidos referenciais; são criados quase que palácios da memória * . Esta reconfiguração do existente é uma marcação de dados ou diluição dos mesmos. Quanto mais disciplina, mais próximos da realidade vivenciada estamos, tanto quanto mais distantes da mesma poderemos ficar. A concentração do yoga, as técnicas dos exercícios corporais, os procedimentos médicos, enfim, rotinas, tecnologias, andaimes e suportes estabelecidos, disciplinam e organizam. Disciplina é organização, é técnica, é rigidez. A organização disciplinada cria motivação, pensamentos e desejos, estabelecendo padrões. Isso pode realizar tanto quanto alienar. Seguir o riscado, sem saber quem riscou e o que significa, configura a rigidez do apoiado - é a marca do que quer acertar, não errar. Disciplina é acompanhar a organização intrínseca, não é cri

Estética e ética não existem na sobrevivência

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Viver apenas para sobreviver exige foco, ganância, desconsideração para com o outro. Na sobrevivência só o " salve-se quem puder " significa. Não se considera nada diferente disto; o outro, a ética, o dever, a compaixão não existem. De exemplos corriqueiros a exemplos extremos, convivemos com estas atitudes: o enfermeiro que mata o doente que ele cuida para vender seus medicamentos; o padre que utiliza seus pupilos para satisfazer desejos; os que caluniam, denigrem, "sujam reputações" para, através das situações decorrentes, ficar com o emprego, são formas de sobreviver, são "maldades necessárias" para aplacar as necessidades e melhorar a condição de vida. Esta falta de escrúpulos estrutura aberrações, monstruosidades. Quebrar a harmonia, estabelecer o caos, a desordem é fragmentar o humano, é tirar a beleza - dimensão característica do que é oraganizado, harmônico. Sem beleza, resta conseguir esconder a feiúra, estratégia que demanda próteses que me

Queixas e reivindicações

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No processo da não aceitação é comum a desconsideração dos limites do próprio contexto, é comum a discussão sobre estar ou não reduzido a situações limitadoras, redutoras e empobrecedoras da vida, das oportunidades, da falta de dinheiro etc. Esta não aceitação é geralmente escondida e blindada por imagens construidas para demonstrar capacidade e tranquilidade. Imagens que quando rompidas por algum acontecimento de perda, revelam seres reivindicadores e vitimizados. Um frequente exemplo disto é quando se adoece, quando se perde alguém ou alguma coisa, se começa a exigir direitos, reivindicações geradas pelas perdas. Mães, por exemplo, quando depois de uma vida de frustrações e deslocamentos, adoecem, exigem cuidados por parte dos filhos. O provedor familiar, impossibilitado de trabalhar, controla ajudas e participações - exige. Vítimas e sacrificados são comuns; queixas e lamentações frequentemente conseguem cuidados e atenção. São vistos como merecedores de atenção; é a retri